segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Segunda-feira 19 de Janeiro de 2009





Esta é daquelas mensagens que esteve mesmo quase para não acontecer.
Já é muito tarde. Acho que já não conta como 19 de Janeiro de 2009.
Hoje foi Segunda.
As segundas deviam ser proibidas.
Pois. Eu sou um gato gordo que come lasanha. Só que não se nota.

Trabalho.
Escritório.
Greve de professores.
Tudo bem! Já fui professora. A minha solidariedade.
Não precisava era de me ter levantado, e acordado as miúdas, às sete da manhã!

Compras com a minha mãe.
Agora "descobriu" que está "senil".
Já que assim é, tem de me contar tudo, tudo, antes que se esqueça!!!
Não.
Vocês não querem MESMO saber as "habilidades" do vosso pai!
Menos ainda o que é que ambos fazem com "elas" aos setenta anos.

Mais vale rir-me que "chorar-me".

O meu sobrinho é a pessoa mais parecida comigo que conheço.
O que é estranho, porque não temos nenhum "elo" genético.
afectivos, como agora se diz, temos todos.
Sendo o meu sobrinho como a sua tia, se lhe prometeram neve, e ela não veio:
Está mal!!
Façam lá o favor de cumprirem.


Ainda por cima ele é "lisboeta". Alfacinha mesmo. Sem "terra" na província.
Andaram a dizer-lhe que ia NEVAR em Lisboa.
O rapaz acreditou.
Moeu tanto, tanto, mas tanto, o "bichinho" do ouvido à mãe, que ela coitada, telefonou, desesperada:
"Olha lá, temos de ir à SERRA porque o TEU sobrinho (não sei se já repararam: quando são fofinhos e se portam bem, são sempre: "OS MEUS FILHOS" assim mesmo, com a boca cheia. Se são uns chatos de primeira, passam a ser: os "TEUS filhos". No caso, se a chatice ultrapassa tudo o que é suportável, é: "O TEU SOBRINHO") não se cala!!!"

Lá falei com o marido.
Combinei a "agenda" com a filha mais velha. Ia sair com os amigos na noite anterior.
No fim de tudo organizado, não é que bateu certo?
Encontrámo-nos há hora certa. No sítio indicado.
E fomos à neve.

Para as amigas do BRASIL:
Portugal é muito pequenino.
Bastam oito horas na vertical, e quatro na horizontal, para chegarem a qualquer parte.
Eu vivo no CENTRO. Por isso estou perto de quase todos os lugares.

Para não dizerem que nunca vos dou nada: tomem lá umas fotografias.

A "anedota" do dia foi o meu gorro.
É cor-de-rosa.
Tem orelhas.
Um laço.
Bigodes.

Escondi-o na mala. Só o enfiei quando chegámos lá acima.
O sobrinho ia rebolando de tanto rir!!
Já o cunhado, que devia estar habituado, ficou em "choque", sem saber o que fazer!
A "cara" foi impagável!!


Uma das amigas brasileiras deixou-me um recado e um desafio numa das mensagens abaixo.
Referia um caso que está a escandalizar o Brasil.
Pedia a minha opinião.
Vou dar-lha. Em privado. Só ainda não o fiz porque preciso de saber mais. Há figuras jurídicas, que são referidas na imprensa, que eu não sei o que são.
Ou melhor, como se "traduzem", se querem dizer o mesmo que os termos jurídicos usados em Portugal.

É um caso de abuso sexual.
Lembrei-me logo do "Casa Pia".

Pensei: será que devo falar disso?

Nos "telejornais" só dava OBAMA.
Ainda me ri com uma pergunta do Rodrigues de Carvalho ao Nuno Rogeiro: "Então e se houver um atentado na tomada de posse? isso é mau?"
Responde o Rogeiro:
"É mau, sobretudo para a América".

Ó pázinhos!!! será possível?
Tanta coisa interessante para dizer! E só vos sai disparate!!

Depois apareceu o Mário Crespo. Com o Sargento do caso Esmeralda.
Foi aí que decidi.

Hoje falo da "Casa Pia". Amanhã da "Esmeralda".
E do OBAMA. Claro!!!

Abuso Sexual.

Enquanto advogada eu tenho um dever:
O dever de defender o meu cliente da melhor forma possível com todos os meios possíveis, colocados à minha disposição, pela Lei.

Está tudo dito.
Defende-se os interesses do cliente.
Com os meios que dispomos.

O cliente: quem escolhe somos nós.
Os meios: são os que a LEI nos faculta.

Isto serve de introdução.

Eu faço "crime".
Já aconteceu pessoas que eu sabia serem culpadas terem sido absolvidas.
Até já (me) aconteceu, no decurso de um inquérito, onde fui chamada para assistir ao interrogatório de um detido, "descobrir" que ele é que me tinha ido lá a casa furtar umas "coisitas"!
O que fiz?
O meu dever.
Mandei-o calar. Não prestar depoimento. Saiu em liberdade. Não havia provas contra ele.

Quero que entendam que isto não é a preto e branco.
Se gostam de trapos ( eu sei que gostam!) sabem que há muitos tons de preto, de branco, e que entre os dois, há "montanhas" de cinzentos.
Cambiantes de muitas cores.

O limite está mesmo na nossa consciência.
Naquilo que estamos dispostos a "aceitar" defender.

Eu não defendo abusadores sexuais de qualquer tipo. Nem violadores.
Se a Ordem me nomeia Defensora.
Peço escusa.
Nenhuma mãe de lágrimas nos olhos, me convenceu a defender o seu menino, porque a "miúda era uma vadia", por exemplo.

Até porque acredito, convictamente, que cada um tem direito à melhor defesa possível.
E eu não iria ser/fazer a melhor defesa possível.

Porque para mim, enquanto pessoa, o pior de todos os crimes não é o homicídio.
Há explicações para os homicídios. Consegue entender-se.

Não há explicações para os crimes de abuso. Ou para um crime de violação.
Nunca me conseguiram explicar convenientemente.

É sempre tudo muito:

"Era uma vadia"

"Ia com todos"

"Estava mesmo a pedi-las"

"Andava na prostituição"

"Não resisti" (esta então, dá-me logo vontade de lhes dar com qualquer coisa pela cabeça abaixo!)

Estes são os piores dos crimes.
São movidos por egoísmo.
Pelos instintos mais baixos e porcos do ser humano.
São crimes cobardes.
Perpetuados por cobardes.
As vítimas são sempre mais fracas. Não se conseguem defender.
Ou porque são mulheres. Ou porque são crianças. Ou porque são colocadas numa posição de fragilidade.
Por vezes estão sob o efeito do álcool. Outras de drogas.
São crimes que me enojam.

São muito difíceis de provar.
As vítimas têm vergonha.
O que é ainda pior, ninguém acredita nelas!
Em Tribunal é um horror!
Parece sempre, pelo menos em todos os que já participei, (do lado das vitimas) que são elas as culpadas.

Continuo amanhã. Hoje já não sou capaz!
Prometo falar da "Casa Pia" e do resto!....

2 comentários:

Di disse...

Olá, estava aqui a ler o seu post e fez-me pensar uma vez mais naquilo que quero fazer da minha vida. Eu estou neste momento a tentar tirar a licenciatura em Direito, mas na verdade sempre pus essa questão... Como é que se defende um violador/abusador confesso? Como é que se defende um “monstro” perante um tribunal de homens? Como é que um advogado consegue passa por cima da sua própria consciência para defender alguém que para todos os efeitos têm direito a ser defendido e fazer o seu trabalho o melhor possível? Sempre tive uma noção muito forte daquilo que considero “o Bem e o Mal”, por isso dou-lhe os parabéns. Continuo a achar que ser advogado não é fácil e faz-nos questionar muitas coisas, até mesmo a nós próprios.
Aproveito para lhe dar os parabéns pelo seu blog, é um cantinho muito interessante.

Thales e Graziela disse...

Querida,

já são mais de quarenta ex-pacientes que tomaram coragem e, vendo que não estavam sozinhas, decidiram denunciar o médico. O suposto crime cometido contra mulheres fragilizadas, que já tinham investido todo o dinheiro possível no tratamento, que tinha óvulos (filhos) na clínica vai ganhando dimensões impressionantes. Continua sendo um crime sem testemunhas, cometido entre quatro paredes. Como o juíz vai lidar com isso?? Os promotores estão trabalhando duro e logo devem apresentar a denúncia que será ou não aceita pelo juíz. O Conselho de Medicina deverá também tomar suas providências assim como a polícia (que aqui faz um inquérito que dará base a denúncia uma vez que muitos juízes não aceitam que os promotores que acusam façam também a investigação.
É um caso grave e único que deverá provocar mudanças na abordagem desse tipo de crime tão hediondo contra vítimas tão frágeis e sem voz.
Fico aqui curiosa a esperar o seu caso e a sua preciosa opinião.
Meu email é graziela.azevedo@terra.com.br

um beijo