quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Quarta-feira 14 de Janeiro de 2009






XUTOS

Vá-se lá saber porquê lembrei-me de tatuagens.
Eu gosto de tatuagens.

Uma vez, estava no Tribunal, à conversa com uma colega mais nova.
Muito, muito bonita. Muito engraçada. Muito vistosa.
Desde que foi mãe, não tem aparecido cá pelo burgo, mas antes vinha muitas vezes.

Esperamos muuuiiiitoooo. Não vou falar do ESTADO DA JUSTIÇA.
Não estou para isso. Não me apetece.

Digamos só, que nós, os que andamos por aí a roçar as togas, esperamos muito.

Estávamos as duas, na Sala dos Advogados. Folheávamos uma revista.
Devo ter feito um comentário do mesmo tipo:"Gosto de tatuagens".
Olhou para mim espantadíssima, de olhos arregalados:
"Gosta? a sério?"

Não tenho ar de quem goste. Menos ainda se estou "de serviço".
Logo ali levantou a camisa e mostrou-me a que tinha nas costas.
Intrincada. Florida e colorida.
Igualinha a ela. Eu é que estava cega.
Deixámos de ser colegas.
Passámos a ser amigas.
Depois disso não me tratou mais por você.


Gosto de tatuagens.

Não podem ser de golfinhos. Nem de borboletinhas. Nem daquelas que os jogadores de futebol usam. Não gosto das que são moda.
Gosto de tatuagens que, SEJAM, as pessoas que as usam.
Ou que as pessoas as usem porque SÃO. Não porque (A)PARECEM.
Dessas é que gosto.

Das da Cris do "Hoje vou assim": Delicadeza num braço. Alegria no outro. Uma constelação de estrelas coloridas, nas costas.
Ou a daquela modelo, de quem não sei o nome, que tem float escrito no pescoço.
Da da Joss Stone que tem flores, lindas, num pé.
Coisas assim.

Nunca tive coragem para me tatuar. Acho que é preciso. Não por causa da dor. Mas porque fica para sempre.
Não sei (ainda) o que quero que fique no meu corpo para sempre.

Por enquanto, também não deixo a minha filha (mais velha) fazer tatuagens.
Ela quer. Pede.
Mas acho que ainda é muito nova.
Não se pode tatuar uma coisa e mudar de ideia no dia a seguir.
Não pode ser MODA.

Moda é o que passa. As tatuagens não passam. São para ficar. Não são para decorar o corpo. São para ser O CORPO.

É o que penso.
Devia tatuar X.

Porque:

Velhos NEM os trapos.

No espírito de XUTOS e de algo que não tendo nada que ver, tem tudo a ver:
SEX PISTOLS e Vivienne Westwood,

Hoje vesti:

Jeans pretos sem marca;

Camisola gola alta cinzenta ZARA;

Vestido PEPE JEANS;

Casaco ZARA;

Sapatos PEPE JEANS;

Mala GUESS;

As correntes são NAF-NAF

2 comentários:

branca disse...

Adoro tatuagens mas ainda não tenho a tatuagem da minha vida.´Só aquela cantada pelo Chico Buarque.
beijinhos,

Thales e Graziela disse...

Oi querida Portuga,

que delícia mais esse texto!! Você parece misturar com graça doses de tradição e modernidade, convencionalismo e rebeldia. Isso é liberdade, isso é poder ser o que se é sem medo de agradar a uns e desagradar a outros. Concordo com você que a tatuagem deve ser feita quando temos já uma certa maturidade e ser uma coisa especial. Eu tenho cá uma meio escondidinha que fiz em homenagem a meu marido, o amor de minha vida, é um símbolo egípcio, uma espécie de cruz chamada chave da vida. Ela está no anel que ele me deu e na minha pela bem ao lado do coração.

beijos, Graziela