quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Quarta-feira 28 de Janeiro de 2009
Tenho de ter muito cuidado com o que vos escrevo!
Os Deuses "conspiram" para me pôr à prova.
HOJE, depois do post de ONTEM, telefona o meu "casal de lésbicas favorito".
É.
Pois.
Já estão a ver que NÃO vai ser uma linda história não é?
São duas garotas com vidas muito complicadas.
Desde sempre.
Uma delas esteve "sinalizada" nos Serviços Sociais.
O ciclo não se quebrou.
Ninguém para ajudar.
A mãe punha-a a "render" aos quinze anos.
Drogas.
Um filho.
A outra.
Uma MALUCA.
Muito nova.
Casada.
Separada.
Três filhas.
Foi o (ainda não "ex") quem ficou com a Guarda Provisória.
"Descobriram" o GRANDE amor.
Uma pela outra.
Foi impossível não simpatizar.
Como é que me "caíram na sopa"?
Por causa do Penal.
DROGAS.
Depois.
Outras histórias.
A comissão de menores ia "institucionalizar" o filho.
Grande choradeira.
EU.
Falei com a Senhora da Comissão de Menores.
Que me "leu" mal.
Em vez de me explicar o porquê.
Veio com "conversas de comadre".
Eram umas drogadas.
"Vivem uma com a outra, sabe?"
A casa não tinha "condições".
A mãe não levava a criança "às consultas".
Estavam desempregadas.
Eram drogadas?
Estavam em recuperação.
A casa não tinha condições?
Estavam a fazer obras.
Não levava às consultas?
Não tinha levado UMA vez.
Estavam desempregadas?
E então? Quantas não estão?
Vivem uma com a outra, sabe?
Sei.
A criança IA à escola.
Comia.
Não tinha piolhos.
Nem pulgas.
A roupa ERA limpa. (Tão limpa como podia ser naquelas circunstâncias.)
Pelo menos não estava podre e nojenta como já vi.
Era adequada às condições de frio ou calor.
E
MAIS IMPORTANTE:
Tinha oito anos.
Não conhecia outra mãe.
Era completamente dependente dela. Qual pai??
A angústia dele era essa.
Ficar "abandonado".
Tirarem-lhe a mãe.
Porque diabo havia ELE de ser castigado?
Não era a mãe.
Era ELE.
Longe da única "família" que conhecia.
Pesadas todas as circunstâncias, decidi:
Vamos ver.
Falei com a professora.
Com a assistente social.
Com a Directora (aqui da cidade) do Centro de Reinserção Social.
Com o SENHOR PROCURADOR.
A criança ficou com a mãe.
Embora com algumas reservas.
Corriam Processos-crime.
Contra ambas.
Foram condenadas.
"Cozinhámos" todos.
Eu.
A Juiz.
O Procurador.
A directora do Centro de Reinserção Social.
A assistente social.
(Já vos disse que era impossível NÃO simpatizar)
Uma "SOLUÇÃO" fora de comum.
Aplicaram-se-lhes penas (de prisão). Mas foram substituídas por "Trabalho a Favor da Comunidade".
Por forma é que elas tivessem de cumprir um "programa".
Com regras.
Também porque podia ser que desta forma encontrassem equilíbrio.
Arranjou-se maneira de uma trabalhar no Hospital.
Podia almoçar lá e levar comida para casa.
A outra foi para os Bombeiros.
Pela mesma razão.
Tudo perfeito.
Cheios de boa vontade.
Não foi.
Fui chamada pelo Tribunal porque não estavam a cumprir os programas.
Drogas.
Outra vez.
As duas.
Confusões.
Chego lá...
SURPRESA!
Uma delas estava grávida.
Grávida????
Passei-me!
Depois de tanto trabalho.
Depois de nos termos cansado todos tanto.
Depois de ser UMA oportunidade.
A ÚLTIMA.
Pergunto:
"Grávida de quem? Ah! Não interessa.
"Não interessa?"
Ó Dótora não interessa.
"Mas porquê?"
Foi uma coisa de uma noite.
(Traduzo: precisavam de drogas. Foi "fazer" um cliente.)
"Não se protegeu?"
Ó Dótora estava bêbeda.
"E agora?"
Vou ter o bebé.
"Já pensou bem?"
Já, já.
É um incentivo para deixar a droga.
As duas queremos o bebé.
Eu sou Crente.
Podia não ser, mas sou.
Acredito em Deus.
Isso não me impede de fazer o meu trabalho da forma que considero CERTA.
Se tenho problemas é comigo.
Com as minhas decisões.
Não com aquilo que os outros consideram certo ou possam decidir.
Naquelas circunstâncias teria sido melhor ela abortar.
Contra aquilo em que acredito, disse-lhe isso.
Que devia abortar.
Estava outra vez "agarrada".
Ia para a prisão.
Não é sítio para se ter crianças.
A criança estava em "risco" pela adição da mãe.
Os filhos são uma coisa muito séria para serem "filhos" do acaso.
Não quis.
Foi outra vez uma trabalheira.
Conseguir convencer TODA a gente que tinha sido DAQUELA vez.
Só uma.
Que iriam cumprir.
Para mais, grávida.
Mais uma OPORTUNIDADE.
Lá lhe deram MAIS uma. mea culpa
E a vida continuou.
Até hoje.
Recebi o TAL telefonema que me deixou todo o dia de estômago às voltas.
"Ó Dótora já tive a minha filha."
Já?
"Ó Dótora nasceu prematura. E agora o Tribunal não me deixa levar a menina para casa."
Porquê?
"Têm um relatório. A minha vida mudou. A ... arranjou um emprego. Está tudo bem. Estamos "limpas" Dótora!!"
Que relatório? Quem fez?
"Não sei. Quero ir falar consigo. Querem tirar-me a menina. "
Porque é que nasceu prematura?
"....(pausa) Porque quis Dótora! Ela quis. "(risos)
Não consumiu durante a gravidez?
".....(pausa. Eu SE I que está a preparar-se para me mentir.) Consumi UMA vez. Só UMA Dótora. JURO. "
Traduzo: consumiu durante TODA a gravidez. E fez também Metadona.
Para ajudar.
Ela quer ficar com a filha.
Não é bom para a filha ficar com ela.
No caso do filho da outra, foi a criança.
O garoto.
Desgraçado.
Quem me fez decidir.
Para a menina que nasceu prematura.
Por falta de cuidado da mãe.
Do amor da mãe.
Que devia ter servido para largar de vez as drogas.
E não serviu.
Consumiu heroína com um filho na barriga!
O melhor para ELA:
É a adopção.
Sem contemplações.
Aquelas pessoas não servem para tomar conta de uma criança. Não servem para ser pais.
Já está provado.
Não se pode dar mais oportunidades.
Mesmo que queiram.
Faço o quê?
Não vou deixar que o ciclo não se quebre.
Já chega.
Não posso intervir no processo, POR elas, CONTRA elas.
Não quero passar a "batata quente" a outro colega.
Conhecem a expressão: "descalça a bota?"
Tenho de descalçar a bota.
Não vou conseguir dormir.
Hoje vesti:
Camisola MISS SIXTY;
Calças MANGO;
Casaco ZARA;
Sapatos ZARA;
Mala MANGO;
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Que situação!!
Por mais que lhe custe, dê essa pobre criança para adopção! Não faça o contrário.
Não vale a pena dar nozes a quem não tem dentes, não vale...
Que merda de vida!
Um beijo bom.
Nossa!!! Que situação difícil. Só pode desejar que Deus te ilumine e que tudo corra bem.
beijinhos.
p.s - gostei da blusa.
São sempre as crianças que sofrem.
As que têm menos culpa.
Querida,
que tenhas força para manter seu otimismo e esperança. São os bons sentimentos que fazem o mundo melhor, as decepções ficamos nós com elas, uma noite de insonia, o passar o tempo e esquecemos, seguimos acreditando. Você fez tudo o que podia e pode fazer de novo agora pela menina que precisa de um lar. Faça ... se puder.
beijos e boa sorte
Enviar um comentário