quinta-feira, 5 de março de 2009
Quinta-feira 5 de Fevereiro de 2009
Estou atrasada nas "leituras".
Só hoje ao pequeno-almoço, li, um bocadinho, da revista do "Expresso" de Sábado passado.
Deu-me logo motivo para falar.
Uma coisa simples.
Um senhor.
Não me lembro do nome.
"O" especialista em "mirandês".
Dizia uma coisa que me tocou:
Cito de memória.
Pode não ser exactamente assim.
"O mirandês é, para mim, a linguagem dos afectos. Era a que falava com a minha mãe".
Tão bonito!
Tenho amigos e amigas com filhos de "estrangeiros".
Que falam outras línguas.
Maravilho-me:
Com a minha amiga espanhola.
A falar um castelhano.
Rápido.
Quase ininteligível.
Com as filhas.
Respondem-lhe.
Falam comigo.
Num português sem sotaque.
O meu amigo alemão.
Repreende o filho.
Igual a ele!
Genética tramada.
Como é que uma portuguesa de cabelos escuros.
Tem um filho LOURO de OLHOS AZUIS?
Naquela língua.
O garoto responde.
No mesmo instante:
Desafia a minha mais pequena para um mergulho.
Sem traços de "guturalidade" na voz.
Mesmo ao pé de mim.
Vive um casal.
Português/Ucraniano.
O menino tem três anos.
Fala muito.
É tão engraçado!
Com a mãe.
Em ucraniano.
Connosco (todos) em português.
Todos os Sábados.
Me encontra.
Pede-me balões.
Rebuçados.
Chupa-Chupas.
A mãe fica muito envergonhada.
Pergunto se posso.
Acena com a cabeça.
Ficamos contentes.
O garoto e eu.
A mãe.
Nem tanto.
Línguas.
Por favor sem leituras dúbias.
Línguas que não são "órgãos".
Estão mesmo à espera, não estão?
Lá vai:
Que não são "órgãos sexuais".
Embora.
Com bom uso.
Com alguém "sabedor".
Até possam ser.
Quem não gosta que lhe "falem ao ouvido"?
A palavra certa no momento exacto.
Minhas amigas.
O "calor" que pode provocar um poema!
A Língua.
É fundamental para a estruturação do pensamento.
O "Big Brother".
O do George Orwell.
1984.
Para mim.
Mais do que o problema do "totalitarismo".
E do controle pelo "grande irmão".
É sobre a Língua.
Melhor:
Como a ausência de "Língua".
Conduz à ausência de pensamento.
Sem palavras não se consegue pensar.
Quanto menos palavras se conhece.
Menos rico pode ser o pensamento.
Por isso a leitura é tão importante.
É uma "cruzada" minha.
Nas reuniões de escola.
Grandes discussões.
Detesto a "infantilização" das crianças.
A "infantilização" da escola.
Os garotos/as não são estúpidos/as!
Estão a ser "transformados" nisso.
Sabem porquê?
Por quem?
É mais fácil governar ignorantes.
Ignorantes não protestam.
Não sonham.
Contentam-se.
Quando se retira do programa de leitura OBRAS Clássicas.
E se substituem por coisas como:
- Aprender a fazer um requerimento.
- Aprender a escrever uma carta.
É chocante.
Os miúdos chegam a grandes sem nunca terem lido um livro.
A escola não obriga.
Os pais também não.
"Coitadinhos dos meninos! Pode cair-lhes o cabelo. Ou assim".
Já assisti, numa reunião, uma mãe, dizer à professora:
" O livro que eles têm de ler (Uma porcaria.) é muito difícil. Coitadinhos!"
Costumo perguntar à minha filha mais pequena, que é um bocado "amalucada":
"Como é que tu pensas?"
Não é O que ela pensa.
É COMO.
Como é que vai do ponto A para o ponto B.
O caminho que percorre.
Quando ela começa:
"Por exemplo".
Está tudo estragado.
É porque não sabe.
Não sabe pensar.
"Tens de LER mais.
Deixas de ver os "Morangos com Açúcar".
Nesse tempo lês."
Esta última é óptima.
Porque a desculpa é a "falta de tempo".
A desculpa para tudo.
É a falta de tempo.
Acorda-se cedo.
Trabalha-se.
Chega-se a casa tarde e a más horas.
Faz-se o jantar.
Trabalhos de casa.
Come-se.
Arruma-se a cozinha.
Tem-se roupa para passar a ferro.
Para lavar.
O pó acumula-se.
Dorme-se.
No outro dia igual.
Eu sei.
Garanto-vos que sei.
Só que.
É aquele "extra" que conta.
Aquele momento.
Entre uma coisa e outra.
Que conseguimos.
Não sei como.
Conversar com os filhos.
Namorar com os maridos/namorados/ companheiros.
Telefonar aos amigos.
Falar com a mãe.
Com a cunhada.
Com a sogra.
Esse "EXTRA" é que vai fazer a diferença.
Obrigo as minhas filhas a ler.
Mesmo que não se deva.
Porque pode ter o efeito contrário.
Ou lá o que é.
Acho que se for preciso um "empurrãozinho" mais "musculado" só lhes faz bem.
Não é violento.
Não envolve palmadas.
Pode.
Eventualmente.
Haver castigos.
Deixar de ver televisão.
Controle apertado do telemóvel.
Já não preciso de o fazer com a mais velha.
Não lê.
DEVORA.
Tem um pensamento articulado.
Excelentes notas na escola.
Fundamenta, bem, as suas posições.
Mesmo quando não concordo.
Sabe argumentar.
Escreve bem.
A mais pequena.
É um "work in progress".
Já vos disse que é "amalucada".
Não desisto.
Hoje vesti:
Saia e casaco NAF-NAF;
Camisola gola alta preta sem marca;
Sapatos PEPE JEANS;
Mala Mango;
Depois do almoço também vesti um sobretudo preto.
ARRE!
Não se podia com tanto vento.
E frio.
P.S: Ele há coincidências!
Telefonou o meu primo músico.
Tenho um primo que é músico.
Toca em todo o MUNDO.
É um gajo feliz.
Por causa dele.
Não me preocupo quando a minha mais pequena diz que vai ser "guitarrista".
É dos mais novos.
Pouco mais velho que a minha filha mais velha.
"Prima: Vou ter um bebé sueco!"
Além de:
Espanhol;
Alemão;
Francês;
Também vou ter de aprender umas palavras em sueco!
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2 comentários:
Que linda!
Adoro quando voce fala sobre a diversidade!
Fantástico o texto. amo ler! Foi a minha mãe quem me ensinou a amar a leitura.
beijinhos.
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