quarta-feira, 25 de março de 2009

Quarta-feira 25 de Março de 2009









Estou chocada.
E não é com nada relacionado com aquilo que faço.
Isso é normal.

Estou chocada.
Com uma "história" da minha mais nova.

Hoje foi dia de auto-avaliação.

Na disciplina de Educação Física.
Ela "pediu" um três.

Acho justo.
Não é grande "atleta".

De onde vem o meu "choque"?

Da atitude das suas amigas.

Deixem-me explicar:

Quando nasceu a minha mais velha.

Eu trabalhava noutra cidade.
Uma maior.

Ela ia comigo.
Para uma "escolinha".

Quando chegou à altura da "primária".
Tivemos de escolher.

Ou:
Eu continuava a trabalhar nessa cidade.
E ela faria aí a sua "vida" escolar.

Ou:
Eu mudaria.
E ela cresceria na "nossa" cidade.

Para nós (marido e eu) era importante.

Na "primária" fazem-se amizades para a vida.
Eu fiz.

Se ela iniciasse a "Primária" noutra cidade.

Seria complicado.

Quando crescesse.

Sair ao fim-de-semana com os amigos.

Ir tomar café.

Conversar só porque sim.

Como "coincidiu" com o nascimento da segunda.

Mudei eu.

Voltei à minha LINDA e CALMA cidade branca.

AMBAS:

Aprenderam a ler na mesma escola que eu.

É uma escola "especial".

O "Jardim-Escola João de Deus".

A maior "fez" uma GRANDE amiga.
A SUA GRANDE AMIGA.

Vão juntas para a Universidade.

A pequena também fez "amizades".

A sua maior amiga.

"Desde há OITO anos".
Diz ela.
Com mágoa.

Este ano.
Começou a ser "diferente".

A minha "sentiu-se".

É a mais nova da turma.
Como nasceu em Dezembro.
Tem quase UM ano de diferença das coleguinhas.

É muito.

Os "interesses" são outros.
As "hormonas" pulam de outra maneira.

Foi ISSO que lhe expliquei.
Que não era de "propósito".
Eram "coisas que aconteciam".

Hoje.

Uma das meninas.
Outra "amiga".

Disse à PROFESSORA.

Que a minha:

"Não merecia o 3. Devia ter 2".

A professora ficou espantada.
Disse-lhe que não tinha nada que achar.
Que não era ela a professora.
Se fosse podia opinar.
Como não era.
O melhor era estar calada.

Uma das outras "amigas".
São (eram) um grupo de quatro.

Veio perguntar se ela tinha ficado "chateada".
E que não tinha de ficar.
Porque,
"Se diziam que ela não "merecia" o três era porque eram amigas dela. Para ela melhorar".

A minha.
"Pespineta".
Respondeu-lhe:

"Quem te disse que quero ser tua amiga?"

As outras três.
Afastaram-se.

Deixaram-na sozinha.

ELAS.
As amigas de sempre.

Os outros não.

A razão do meu "choque" por uma história tão banal?

NUNCA VI.

Quando era garota.
Apanhei uma reguada.
A única em toda a vida.
Porque TODOS.
Nos recusamos a dizer quem tinha feito O disparate.
"Democraticamente".
A professora.
Bateu-nos.
A TODOS.

Com os meus primos.
Era sempre "nós" contra "eles".
Fossem "eles" quem fossem.
Adultos.
Ou
Crianças.

Enquanto professora.
Os meninos sempre se defenderam uns aos outros.

A "solidariedade" era um dado adquirido.
Algo que na infância e adolescência servia como "afirmação" do próprio grupo.

O que me choca.
É a MALDADE.

O distorcer da AMIZADE.

É por serem "amigas" que a "desvalorizam" junto da professora.

Não lhe dizem em privado.
Não procuram ajudar.

São crianças de 13 e 14 anos.

Mulheres.

Que VALORES têm elas?

A minha filha mais pequena é muito bonita.

Vaidade de mãe.
Um pouco.
Claro!

Objectivamente.
Também.

Morena.
Grandes cabelos castanhos.
Olhos escuros.
Pestanudos.

Muito alta.
Grandes pernas.

Vai ser um MULHERÃO.

Daqueles de fazer "parar o trânsito".

Na (nossa = marido+ eu) lotaria genética calhou-lhe o jackpot.

Não tem nada de meu.

Se não tivesse estado LÁ a fazer força.
Tinha dúvidas.
Sérias.
Quanto à minha "paternidade".

As duas são talentosas.
(Acho eu)
Cada uma na sua área.

Só que:

Uma mulher bonita.

É o que ela parece.
Apesar de ser (ainda) uma menina.

Com uma guitarra nos braços.
Dedos que "voam".

Só "dá" ELA.
Só se "vê" ELA.

Vou assistir aos "Concertos".
"Audições".
Como ela diz.

Não se olha para MAIS nada.

É muito novinha.
Por isso não deixo que se "sexualize".

O que quero dizer com isto?

Vejo muitas vezes.
Crianças.
Vestidas como.
Com comportamentos de "adultos".
Imitam as estrelas do POP.
Sem perceberem.

Vão rir-se.
É só para provar o meu "ponto".

Ela queria usar cuecas fio-dental.
Não deixei.

Grande discussão.
A mana usa.
A mãe também.

Ela NÃO.

Para não marcar a roupa.
Usa shorts.
Ou daquelas cuequinhas de micro fibra.
Não marcam nada.
E são "próprias" para a sua idade.

Tenho muito "cuidado" com as minhas filhas.

Como TODAS as mães.

Gosto que andem "bem vestidas".
De acordo com o que cada uma gosta.

Uma não gosta do que a outra gosta.
E vice-versa.

Os dois "gostos" diferem do meu.

Giras.
As duas.

O cabelo é objecto de GRANDES cuidados.
Já que o têm tão bonito.

Diz a minha cabeleireira.
Não eu.

A pele também.

Unhas.
Idem.

Dentes.

Sei que são privilegiadas.

Como sempre:
Comparativamente.

O meu "desconforto".
Com esta história.

É a INVEJA.

A PEQUENEZ.

A MESQUINHEZ.

Daquelas meninas.

Que conheço (quase) desde que nasceram.

Conheço as mães.
Os pais.
Sei quem são.

É ISTO que lhes é transmitido?

Também É "contra" nós.
A minha família.
Que "eles" conhecem muito bem.

Que diabo!
São convidados da minha casa.
As filhas dormiram lá muitas noites.
Jantaram.
Trouxe-as da escola quando não eles não podiam.

Não.
Não estou a exagerar.

O problema é que também já senti o mesmo.
Na pele.
Da parte de algumas destas mães.

Não dos pais.
Os homens são diferentes.

A reacção da professora não podia ser mais eloquente.
A Senhora ficou "banzada"!

A minha filha vai ter uma vida DURA.

Incomoda-me que comece tão cedo.
A "lidar" com ISTO.

Fica muito triste.
Porque não compreende.

"Porque é que lho fizeram a ELA"?

Logo a ELA.

Tão amiga.

Não consegue "alcançar".

Ainda é pequena.
Para lhe explicar.
Que o MUNDO é um lugar "triste".

Fico.
Apreensiva.

Estas meninas vão crescer.
Serão mulheres.

Nada mudará.

A ideia do "ser/género feminino":

Pouco SOLIDÁRIO.
Sobretudo em relação a "outra mulher".

Pouco NOBRE.

COMPETITIVO (entre si).

COBARDE (para com os homens).

"RAIVOSO" (para com quem acham "melhor")

Aquilo que TODAS já sentimos.
Não me digam que não.

Deixa-me.
"Desesperançada".

Hoje Vesti:

Saia "borboletas" LANIDOR;

Camisa branca NAF-NAF;

Casaquinho MANGO;

Cinto ZARA;

Sabrinas LANIDOR;

Mala MANGO;

Alfinete sem marca;

4 comentários:

Thales e Graziela disse...

Que tristeza querida. Sei que dói na gente essa dor dos filhos. Também fico triste com esse comportamento. Vez por outra meu maio (13) chega falando do amigo (desde os 2) que anda aprontando, o deixando chateado, bagunçando na classe eu eu digo sempre para ele lembrar que são amigos desde sempre, que ele precisa descobrir o que acontece para poder ajudar... Mas eu mesma já tive más experiências com a mãe do dito menino e nada digo para não botar lenha na fogueira. Ainda acredito na amizade, mas sei que eles vão sofrer. Prefiro que sofram e continuem acreditando.

beijos, Graziela

Unknown disse...

Quando era miúda não me lembro de acontecer algo do género, mas desde que sou adulta já levei destas "cabeçadas", que é triste, porque as pessoas já sabem o que fazem, já tem maturidade...

Beijokas e bom fim-de-semana!

branca disse...

Que triste querida. Também passei por isso e hoje tenho amigas especiais que fiz na minha vida adulta, pois da infância não ficou nenhuma. Fiz como a tua filha e me livrei das pessoas que me maoavam. Ela mostrou que é forte e apenas tem que, apesar dessas coisas, acreditar que a vida é linda. beijos

Anónimo disse...

Também nao entendo como algumas mulheres nao se solidarizam. Acho tao obvio sermos unidas, cumplices, confidentes.. amigas.
Tadinha de sua miuda... Triste, nè?