Feliz dia do pai!
Para os vossos pais.
Para os vossos maridos.
Para os homens em geral.
FELIZ DIA!
Telefono sempre ao meu.
Só para ele.
Não falo com a mãe.
Ele pergunta sempre:
"Queres falar com a mãe?"
Eu digo:
"Não pai. É só mesmo para ti."
O meu pai.
Sofreu um AVC quando era muito novo.
Ficou com sequelas permanentes.
Este pai.
Não é o MEU pai.
O meu PAI.
O que me ensinou a dançar com os pés em cima dos dele.
Me construiu um armário para a louça das bonecas.
Uma caminha para o "João".
E
Até
Um quarto.
Só para ter os meus brinquedos.
Uma "casinha de bonecas".
Em maior.
Esse pai.
Deixou de existir.
Quando fiz catorze anos.
Aprendi a aceitar e a amar este.
Não foi fácil.
Não sei se alguma vez leram o "Da Profundis - Valsa Lenta".
Do Cardoso Pires.
Foi só aí que percebi o que tinha acontecido ao meu pai.
Quando ficou doente.
Ele não se lembrava quem era.
Esqueceu-se do meu nome.
Perguntava à minha mãe pela "menina".
"A menina" era eu.
Com catorze anos.
E sendo já então o que sou hoje.
Menos polida.
Mais desabrida.
Menos "madura".
Só com a minha mãe.
Eu:
"Generala".
A mãe:
"Generalíssima".
Achei que a "culpa" era dele.
Tinha-me "largado de mão".
Nem se lembrava de mim.
Complicado, hein?
Foi.
Era a "menina do papá".
Aprender a "safar-se" sozinha.
Aprender a não contar mais com o pai.
É como ficar órfã.
De alguém vivo.
Não sei se perderam.
Para a morte.
Algum dos vossos pais.
Eu.
Só o sogro.
O sentimento é o mesmo.
Era o meu pai que ali estava.
Mas não era o meu pai.
ESSE nunca recuperei.
Não é egoísmo.
Ou sentimentalismo.
É isto:
Amo o meu pai.
Agradeço a DEUS o ter deixado que ele vivesse.
Podia ter morrido.
Os médicos chamaram-lhe "sorte".
Voltou a andar.
A falar.
Ultrapassou a depressão da doença.
"Instalou-se" no seu novo eu.
A "essência" é que nunca foi a mesma.
Sou a sua "menina".
Não sou é EU.
Porque.
Do meu nome.
Ainda hoje.
Por vezes.
Se esquece.
Desculpa pai.
Tenho tantas saudades tuas.
Do meu "aliado" contra a "tirania".
Que só me sai parvoíce.
Em baixo:
Um excerto de uma entrevista da Maria Teresa Horta ao Zé Cardoso Pires sobre o "Da Profundis".
Para que entendam do que falo.
"Pode dizer-se que este é um livro de memórias?
Sim, uma memória da não memória. Não tenho uma boa definição para isso.
No texto você diz que fez uma viagem à não memória.
Uma viagem à desmemória, ao homem sem memória, e um homem sem memória é um homem perdido. Porque não tem afectos, ninguém pode gostar de alguém se não tiver memória.
Você perdeu igualmente as suas emoções?
Perdi as emoções, quase perdi a fala, a fala fica destroçada, perdi as relações, pois quando não se tem memória não se tem relações, quando se perde a leitura e a escrita fica-se impossibilitado de comunicar."
Hoje vesti:Vestido MANGO;
Camisa branca sem marca;
Casaquinho malha MANGO;
Sapatos MANGO; - A fotografia tem a Alice. Ele há "meninas" que nunca crescem!
Mala NAF-NAF;
1 comentário:
Querida, aqui só para mandar um beijinho corrido e dizer que amei o casaco bege bordado e o vestido cinza com o cinto marrom. E para fizer que não tenho tido tempo para nada, que tenho que decidir se opero a coluna para me livrar das dores, que os tempos são difíceis, mas hão de melhorar... Acherei um tempo para botar em ordem as leituras e dar notícias.
beijos, Graziela
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