terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Terça-feira 3 de Fevereiro de 2009
Hoje fiz uma coisa que detesto.
Papelada.
Que estava errada.
E que não fui eu quem começou.
Fora da cidade.
Conduzir.
A chover.
Que este "penico" nunca mais pára!
Podem ver, pela roupa, que o dia não me corria bem.
Até que cheguei ao lugar onde ia.
Como sempre, esperei.
Uma mulher começou a conversar comigo.
Era uma Senhora de idade.
Bonita.
Olhos claros.
Vivos.
Cabelo arranjado.
Toda ela com um ar macio e bem cuidado.
Era viúva.
Tinha vendido "as casas" de Lisboa.
Regressado ao sítio onde tinha crescido.
Ela primeiro.
Eu a seguir.
De novo nos encontrámos.
Noutra fila.
Sorriu-me.
Retribuí.
De repente:
"OH! mas é o Senhor Professor Virgílio".
"Deu-me aulas no Liceu."
Sabe? lá em cima."
"Já deve ter mais de cem anos."
"Vou lá."
"Vou lá cumprimentá-lo"
Foi.
"É o Senhor Professor Virgílio não é?"
Um Senhor majestoso.
Calças vincadas.
Sapatos brilhantes.
Sobretudo azul.
Na justa medida do seus ombros.
Um cachecol, de quadrados, a espreitar.
"Noventa e cinco."
"Senhor Professor."
Nesta altura as mãos da mulher já LHE envolviam as mãos.
" Senhor Professor. Um dia estava a jogar "à macaca" e disse "fizestes".
O Senhor Professor emendou-me:
- Belmira, diz-se "fizeste".
Nunca me esqueci.
Ainda hoje quando alguém diz "fizestes" me "fere" o ouvido.
Senhor Professor."
Eu também tive um professor igual.
Quando me deu aulas já era assim.
Majestoso.
Com um sobretudo à medida do seu corpo seco.
Dizia-me:
Menina.
Menina.
Que me dá à Sintaxe "tratos de polé".
Eu.
Estarrecida.
Para que servia a Sintaxe?
O que lhe "dava" eu?
E se O visse na rua?
Iria ter com ele.
Agarrar-lhe-ia as mãos com as minhas.
Envolvidas.
Bem seguras.
Procurar-lhe-ia os olhos bondosos.
Senhor Professor.
Sou eu.
Aquela que tanto mal fazia à Sintaxe.
E o que é Sintaxe?
E o que é "Polé"?
Lembra-se?
Não ME esqueci.
Como poderia eu?
O que nos trazem os dias?
Queria escrever-vos sobre RITUAIS.
Dou por mim a contar-vos TERNURA.
Até amanhã.
Hoje Vesti:
Correu muito, muito mal.
Acreditem.
Todo o dia NEURA.
Já não havia tempo para trocar.
Nem nenhuma ideia "brilhante".
Saia (vintage? "conta" a partir de quantos anos? VINTE?) LANIDOR;
Camisa branca NAF-NAF;
Casaquinho MANGO;
Cinto MANGO;
Botas sem marca;
Mala MANGO;
Gabardina preta (Que "isto" - o tempo - está impossível! Já estou a ganhar "barbatanas" entre os dedos. E "cogumelos" nas costas. Dizem que é a "evolução".) LANIDOR;
P.S: OUVIRAM?
Vão fechar a "BOA-HORA"!
Não pode ser!
Não se faz.
A Justiça também É o LUGAR onde se pede.
É diferente quando se lê uma Sentença numa sala de Audiências.
Ou num gabinete de um Juiz.
É diferente quando se está num TRIBUNAL.
E quando é uma "repartição".
Não me lixem!
Um "Hotel de Charme".
Mas que país este!
Tudo se vende?
Tudo está em Saldo?
Dignidade?
Sentido de Estado?
Pois. POIS.
É mais "Freeport".
Como dizia um colega:
"Onde se guarda a MEMÓRIA?"
Acrescento:
Sem MEMÓRIA não HÁ futuro.
O FUTURO procura-se no PASSADO.
Só dá vontade de emigrar.
CHIÇA!
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2 comentários:
Tem um presente para voce là no meu blog...
http://luizalavenere.wordpress.com/2009/02/03/selos/
Espero que goste.
Gosto muito daqui, do seu.
Venho sempre.
LuLu.
Tb tive esse problema do fizeste(s)... e dos bons professores é de ter saudades e de apertar as mãos, porque hoje já se fazem poucos como antigamente!
E, para mim, o guarda roupa não estava nada mal!
Beijos!
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