terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Terça-feira 10 de Fevereiro de 2009










Como pude esquecer-me dos ITALIANOS?
LULU.
COMO?

Porque em Itália a TRISTEZA rima é com beleza.

Só me lembro de Fellini.
De Giulitta Massima.

Beleza apenas.

Do "Cinema Paraíso".

Da luz.

Tenho medo de ir a Florença.
Que é a minha viagem "de sonho".

Tenho medo que não seja como imagino.

Se não for exactamente como penso.
A minha Fé fica perdida.

E se tiver muitos turistas?
E se a luz não for AQUELA?
E se a estátua de DAVID não for/tiver aquele branco macio?
E se?
E se?

E nunca fui.

Isto faz parta da TRISTEZA portuguesa.

Esta "Saudade" do que nunca se viu.

Quando fui a Paris tinha dezoito anos.
Foi a minha primeira viagem.

Sujeita a negociações demoradas.
Os meus Padrinhos.
Os meus Pais.

A menina (eu) era demasiado "preciosa".
Sabia Deus o que poderia acontecer.

Acabei por ir.
Foi a "prenda" de anos.
A de ter boas notas.
De a minha prima não se conformar.
E de, persistente como é, "moer" aquela gentinha toda.
Até dizerem: SIM.

Não pensem em luxos.
Aviões.
Hotéis.
Refeições em Restaurantes.
Espectáculos.

Essas coisas aconteceram DEPOIS na minha vida.

Ali não.

Pensem:
Amizade entre duas garotas.
Tão diferentes.
Tão iguais.

Uma longa viagem de carro.

Espanha toda.
Pirenéus.

O meu olhar virgem.

Nunca tinha saído do país.

Cá dentro sim.

Campismo.
Algarve.
Minho.
Alentejo.
A "minha" praia. Sempre.

Primeira grande descoberta:
As IGREJAS.
A alcançar o céu.

Paisagens.

Alentejos muito maiores que o meu.
Montanhas.
Verdes a perder de vista.

PARIS.
Noite e luzes.

A minha Paris não tem (ainda) a Pirâmide do LOUVRE.
O Centre George Pompidou é A novidade.
Não existe a Disney.

A minha Paris.
É feita de edifícios "descobertos" nas ruas.

Século XIX.
Arte Nova.

Louvre durante UMA semana inteirinha.
Que não gosto de deixar as coisas a meio.
E o que tinha MESMO de ver não era a "Mona Lisa".
Mas uma escultura minúscula do CANOVA.
Vi.

Trocadero.

Montmatre e Sacré -Coeur.

Risos e parvoíces.

Éclairs de chocolate.

Carinho de tios.

Piscina com primos.

Pére Lachaise para levar flores ao JIM MORRISON.

Quem me deu os "sous" para as comprar?
O Padrinho/tio.
Que nem sabia quem era o Jim Morrison.
Mas pouco lhe importava.
E já que era uma "missão" que EU tinha que cumprir.
Lá foi comigo e a filha.

Primas.
Gratas pela CURIOSIDADE.
Que não NOS/ME matou o gato.

E no Pére Lachaise estava um JUDEU.
Que me mostrou campas.
E como oferecia pedras em vez de flores.
E o braço com um número tatuado.
Para não esquecer.

Faubourg Saint-Honoré.

Avenue Montaigne.

A mulher mais bem vestida que vi até hoje.
Vestido branco com bolas pretas.
Cinto de verniz preto.
Escarpins pretos.
Chapéu e luvas.

Perfume.

Não me atrevi a entrar em nenhuma loja.
CHIÇA!
Que as empregadas eram TÃO ELEGANTES!
Estrelas de CINEMA.
De nariz empinado.
Ainda me "corriam" a pontapé.
Eu sem pedigree.

Só estar lá fora, a espreitar as montras, já era um privilégio.

"Desforrei-me" no Marché aux Pouces.
Antes da moda ser vintage.
Eram coisas só velhas.

O metro.
Os Punks.
As margens do Sena.
Pontes a pé.

Centre George Pompidou.
Uma sala CHEIA de Vieiras da Silva.

Lágrimas a queimarem-me os olhos.

Viagem de volta.
Sozinha.
Num autocarro.

As mulheres que me "tomaram sob a asa".
O motorista que me deixou "em casa".

Por isso tenho "resistido" a ir a Paris com as filhas e o marido.
Terei de ir um dia.
Já está prometido.

Disney.
DEUS MEU!
PORQUÊ?

Tortura.

Assusta-me tanto que a minha Paris já lá não esteja.

Que a tenha sonhado.

Foi mesmo verdade o JUDEU?

E a Senhora que parou na rua para me dizer " jolie fleurs"?

E os amigos no campo.

E o RECEBER.

Flores como "obrigada".

Entradas de melão com presunto.
Em pratos de folhas verdes.

Sobremesas de bolos.
De que nem sei o nome.

Chocolate quente.

Livros.
En Français.
O engraçado é que:
Eu já PENSAVA em francês.
SONHAVA em francês.

Bois de Bologne.

Jardin des Tuilleries.

Folhas de cores no princípio do Outono.

Será que ainda lá estão?

Compreendem?
Compreendem-ME?

Hoje Vesti:

Casaco e Saia LANIDOR;

Francamente:

Ficam-me um bocado mal.
A saia dança-me.
Não me apetece mandar apertar.

É INVERNO.
Na Primavera se verá.

Camisa ANA SOUSA;
Tem botões de punho.

Meias CALZADÓNIA;

Sapatos ZARA;

Mala MANGO;

Casaco de Agasalho LANIDOR;

Abracadabra:
Já não se vê a roupa.
EH! EH! EH!

3 comentários:

Colérica disse...

Compreendo-te perfeitamente.
Paris é a viagem da minha vida. Estudo francês há dois anos para isso. E não me importa que ela seja cheia de turistas; que eu tenha uma imagem "muito romântica" dela (como vive a dizer-me meu namorado; que seja suja; que as pessoas não sejam simpáticas.
Sei que quando eu pisar lá, de frente para a Torre, ou observando toda a cidade a partir de Montmartre, as lágrimas vão escorrer de meus olhos.
Acho que, em Florença, não importa como ela seja, também vais te sentir assim...e que seja.

Unknown disse...

Olhe que tenho esta página aberta desde a hora de almoço, que não passo um dia sem a ler... e como gosto de a ler...e como me identifico em tanta coisa, embora sejamos de gerações diferentes!

Já fui a Florença! Adorei! Principalmente aqueles "mosteiros" em pedra branca e rosa... foi só meio dia e uma noite e de noite as coisas tem outro encanto... os artistas de rua, as ruas com as lojas de marca, onde de dia são o que são e à noite estão os marroquinos a vender candonga mesmo em frente ao original...

Paris... a minha cidade de sonho, o meu refúgio algumas vezes em solteira, para "fugir" dos problemas. Um dia quero ir com o marido. Em breve.
Pére Lachaise imperdível pelo Jim Morrison e por muitos mais... um cemitério muito mais que isso. Um dia inteiro até o Sol se pôr e tenho uma bela fotografia desse momento. Lá terei eu que ir procurar e ver se de uma vez por todas tiro o pó ao scanner.

Não me vou alongar mais...
Ah! Hoje não gostei particularmente das meias, mas gostos não se discutem, não é??

Um beijo bom como o Sol que esteve hoje!

Thales e Graziela disse...

Só estive uma vez em Florença e muito rápido porque queria ver toda a Europa. De trem, pouco dinheiro, três amigas, albergues, pequenos hotéis... Foi muito bom e muito pouco. Florença será sempre linda, mesmo com turistas a apinhar as ruelas. Haverá sempre o rio e a ponte num final de tarde. Haverá a arte por toda a parte. Quero tanto voltar. E à Portugal e à França...
Você querida está aí tão pérto. Vá por nós que estamos cá longe de tudo e querendo o mundo inteiro. Vá por nós e por você.

beijinhos distantes,
Graziela